[Macronoroeste-campinas] Manuel Castells: "O poder tem medo da internet"

PONTOS SP - Robson Sampaio reductio.ad.ethos em gmail.com
Segunda Novembro 8 23:48:15 CET 2010


Muito interessante analise de Castells, sobre  a importância da internet no
nosso dia-a-dia. Existi vários de pensadores contemporaneo, como Castells,
apresentando a potencia da internet na  democracia direta de qualquer pais,
da participação da da população na gestão do bem publico e na elaboração de
politica publica, como temos vivido neste ultimo momento com o governo Lula,
este espaço poderá se ampliar com o acesso a internet de banda larga e uma
politica profunda de inclusão digital para  todos brasileiros, no próximo
período este debate esta na  arenas do Congresso, neste momento.

Sds Socialista
*
Manuel Castells: "O poder tem medo da internet" *



Segundo o *Social Sciences Citation
Index<http://www.lib.umich.edu/govdocs/ssci.html>
** *o sociólogo espanhol *Manuel Castells* foi o quarto cientista social
mais citado no mundo no período 2000-2006 e o mais citado acadêmico da área
de comunicação, no mesmo período.

*Poucos pensadores em todo o mundo estudaram a sociedade da informação com
tanta profundidade quanto Castells. A sua trilogia A era da informação já
foi traduzida para 23 línguas, e já se transformou numa obra de leitura
obrigatória nas faculdades de comunicação social em todo o mundo.*

*Ano passado (Janeiro de 2008), Castells concedeu uma entrevista à
jornalista Milagros Pérez Oliva, do periódico espanhol El País,  onde ele
fala sobre uma das pesquisas mais recentes desenvolvidas por ele. O Projeto
Internet Cataluña, em que durante seis anos analisou, com 15 mil entrevistas
pessoais e 40 mil pela internet, as mudanças que a Internet introduz na
cultura e na organização social.*

* *

Na entrevista que se segue ele sustenta, com sua genialidade costumeira, que
o poder tem medo da internet e mostra ainda como as novas tecnologias da web
social distanciam cada vez mais a política da cidadania.

Eis a entrevista.

*ENTREVISTA COM MANUEL CASTELLS*

* *
MANUEL CASTELLS

*El País -* Esta pesquisa mostra que a Internet não favorece o isolamento,
como muitos acreditam, mas que as pessoas que mais usam o chat são as mais
sociais.

*Castells – *Sim. Para nós não é nenhuma surpresa. A surpresa é que esse
resultado tenho sido uma surpresa. Há pelo menos 15 estudos importantes no
mundo que dão esse mesmo resultado.


*El País – *Por que acredita que a idéia contrária se estendeu com tanto
sucesso?

*Castells -* Os meios de comunicação tem muito a ver. Todos sabermos que as
más notícias são mais notícia. Você utiliza a Internet e seus filhos,
também. Mas é mais interessante acreditar que ela está cheia de terroristas,
de pornografia… Pensar que é um fator de alienação é mais interessante do
que dizer: A Internet é a extensão da sua vida. Se você é sociável, será
mais sociável; se não é, a Internet lhe ajudará um pouquinho, mas não muito.
Os meios são um certo modo de expressão do que pensa a sociedade: a questão
é por que a sociedade pensa isso.

*El País -* Porque tem medo do novo?

*Castells -* Exatamente. Mas medo de quem? A velha sociedade tem medo da
nova, os pais dos seus filhos, as pessoas que têm o poder ancorado num mundo
tecnológico, social e culturalmente antigo do poder que lhes abalroa, que
não entendem nem controlam e que percebem como um perigo. E no fundo é mesmo
um perigo. Porque a Internete é um instrumento de liberdade e de autonomia,
quando o poder sempre foi baseado no controle das pessoas por meio do
controle da informação e da comunicação. Mas isto acaba. Porque a Internet
não pode ser controlada.

*El País -* Vivemos numa sociedade onde a gestão da visibilidade na esfera
pública midiática, como a define John J. Thompson, se converteu na principal
preocupação de qualquer instituição, empresa ou organismo. Mas o controle da
imagem pública requer meios que sejam controláveis, e se a Internet não é …

*Castells – *Não é, e isso explica porque os poderes tem medo da Internet.
Estive em várias comissões de assessoria de governos e instituições
internacionais nos últimos 15 anos, e a primeira pergunta que os governos
sempre fazem é: como podemos controlar a Internet? A resposta é sempre a
mesma: não se pode. Pode se vigiar, mas não controlar.

*El País -* Se a Internet é tão determinante da vida social e econômica, seu
acesso pode ser o principal fator de exclusão?

*Castells *- Não. O mais importante segue sendo o acesso ao trabalho e à
carreira profissional e, ainda anteriormente, ao nível educativo, porque sem
educação, a tecnologia não serve para nada. Na Espanha, a chamada exclusão
digital é por questão de idade. Os dados estão muito claros: entre os
maiores de 55 anos, somente 9% são usuários da Internete, mas entre os
menores de 25 anos, são 90%.

*El País -* É, portanto, uma questão de tempo?

*Castells -* Quando minha geração desaparecer, não haverá mais esta exclusão
digital no que diz respeito ao acesso. Mas na sociedade da Internet, o
complicado não é saber navegar, mas saber onde ir, onde buscar o que se quer
encontrar e o que fazer com o que se encontra. Isso requer educação. Na
realidade, a Internet amplifica a velha exclusão social da história, que é o
nível de educação. O fato de que 555 dos adultos não tenha completado, na
Espanha, a educação secundária, essa é a verdadeira exclusão digital.

*El País -* Nesta sociedade que tende a ser tão líquida, na expressão de
Zygmunt Bauman, em que tudo muda constantemente  e que é cada vez mais
globalizada, aumenta a sensação de insegurança, de que o mundo se move
debaixo dos nossos pés?

*Castells – *Há uma nova sociedade que eu busquei definir teoricamente com o
conceito de sociedade-rede e que não está distante da que define Bauman. Eu
creio que, mais que líquida, é uma sociedade em que tudo está articulado de
forma transversal e onde menos controle das instituições tradicionais.

*El País – *Em que sentido?

*Castells – *Estende-se a idéia de que as instituições centrais da
sociedade, o Estado e a família tradicional, já não funcionam. Então, o chão
se move sob os nossos pés. Primeiro, as pessoas pensam que seus governos não
as representam e que não são confiáveis. Começamos mal. Segundo, elas pensam
que o mercado é bom para os que ganham e mau para os que perdem. Como a
maioria perde, há uma desconfiança para o que a lógica pura e dura do
mercado pode proporcionar às pessoas. Terceiro, estamos globalizados; isso
significa que nosso dinheiro está no fluxo global que não controlamos, que a
população está submetida ás pressões migratórias muito fortes, de modo que
cada vez mais é difícil encerrar as pessoas numa cultura ou nas fronteiras
nacionais.

*El País -* Qual é o papel da Internet neste processo?

*Castells -* Por um lado, ao nos permitir aceder à toda informação, aumenta
a incerteza, mas ao mesmo tempo é um instrumento chave para a autonomia das
pessoas, e isto é algo que demonstramos pela primeira vez na nossa pesquisa.
Quanto mais autônoma é uma pessoa, mas ela utiliza a Internet. Em nosso
trabalho definimos seis dimensões da autonomia e comprovamos que quando uma
pessoa tem um forte projeto de autonomia, em qualquer uma dessas dimensões,
ela utiliza Internet com muito mais freqüência e intensidade. E o uso da
Internet reforça, por sua vez, a sua autonomia. Mas, claro, quanto mais uma
pessoa controla a sua vida, menos ela se fia das instituições.

*El País – *E maior pode ser sua frustração pela distância que há entre as
possibilidades teóricas de participação e as que exerce na prática, que se
limitam a votar a cada quatro anos?

*Castells -* Sim, há um descompasso entre a capacidade tecnológica e a
cultura política. Muitos municípios colocaram Wi-Fi de acesso, mas se ao
mesmo não são capazes de articular um sistema de participação, servem para
que as pessoas organizem melhor as suas próprias redes, mas não para
participar na vida política. O problema é que o sistema político não está
aberto à participação, ao diálogo constante com os cidadãos, à cultura da
autonomia e, portanto, estas tecnologias contribuem para distanciar ainda
mais a política da cidadania.

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