Re: [Solar-ovejafm] Re: [PSL-Brasil] Fwd: Hermeto e a música livre

Veronica Xhardez vero at verox.com.ar
Tue Apr 7 22:35:58 CEST 2009


Hermeto Pascoal!
Un grosso.

Martín Olivera escribió:
> ni idea quien es pero para algun melomano le puede interesar
> 
> 2009/4/7 Fabianne Balvedi <balvedi at gmail.com <mailto:balvedi at gmail.com>>
> 
> 
>     ---------- Forwarded message ----------
>     From: *Adriano Belisário*
>     To: submidialogia at lists.riseup.net
>     <mailto:submidialogia at lists.riseup.net>
> 
> 
>     Hermeto Pascoal tem 72 anos e não passa mais de 24 horas sem
>     rabiscar novas combinações de notas musicais e símbolos de percussão
>     em pilhas de partituras. A única diferença para os tempos de criança
>     é o papel. Na Alagoas dos anos 30, o pequeno Hermeto já compunha
>     todo dia, em rios, árvores, na companhia dos passarinhos.
>     Curiosamente, porém, o “Beethoven do século 20” (como o define o
>     acordeonista Sivuca) nunca volta para rever as tais notas escritas.
>     “Minhas músicas são pétalas soltas, estão voando por aí.”
> 
>     E, assim, Hermeto deixou suas pétalas ao vento. Desde novembro,
>     abriu mão das licenças pela internet e liberou para uso de qualquer
>     músico todas as composições registradas em seu nome. Nesta semana,
>     promete disponibilizar parte da imensa e riquíssima discografia (são
>     34 álbuns) para download gratuito, num processo que chegará em
>     alguns meses à totalidade da produção formal.
> 
>     Internet é um assunto até certo ponto desconhecido para Hermeto. Foi
>     a parceira musical, espiritual e amorosa Aline Morena a fonte de
>     influência digital do compositor. Quando começaram a namorar, em
>     2002, ela não se conformava que um artista do porte de Hermeto
>     (referência internacional, inovador, vanguardista) não tivesse
>     sequer um site próprio. Na lista de “desleixos” estava também a
>     desorganização dos registros de músicas (que fez com que ele nunca
>     ganhasse dinheiro com vendas de discos e CDs – só com shows).
> 
>     Aline resolveu o problema da comunicação e criou quatro sites, um
>     para cada tipo de apresentação de Hermeto (com a Big Band, o Grupo,
>     orquestras sinfônicas e para o duo com ela) e plantou na cabeça
>     genial do compositor algumas sementes de cultura livre. Seria
>     difícil o conceito não germinar. Em 1973, o visionário alagoano já
>     batizava um álbum de A Música Livre de Hermeto Pascoal.
> 
>     A ideia de liberdade já estava desde então algo relacionada com a
>     disseminação, a distribuição, a pulverização das composições. Um
>     jargão famoso de Hermeto é a frase “tudo é música”. Se qualquer um
>     faz música com qualquer coisa (objetos, plantas, voz, etc.) – e
>     portanto as músicas dele são livres por natureza –, temos uma
>     espécie de música de “código aberto”, colaborativa, termos comuns
>     para leitores do noticiário de tecnologia e que desapareceram da
>     música comercial antes do MP3.
> 
>     Isso tanto é transformador que a música livre evoluiu para o que
>     hoje a dupla Hermeto Pascoal e Aline Morena chama de “música
>     universal”. Nada a ver com a “world music” disseminada por aí, e que
>     significa apenas a forma de as culturas dominantes globais aceitarem
>     regionalismos como o brasileiro e o indiano, por exemplo. Música
>     universal não é isso. É o que há de universal, primordial, anterior
>     e essencial na música.
> 
>     Hermeto e Aline não usam idiomas conhecidos para compor canções sob
>     o estigma universal. É uma letra formada por palavras inventadas sob
>     uma lógica própria, não necessariamente com significados. É a busca
>     da dupla pela sonoridade, por fonemas que provocam sensações – cuja
>     liberdade também inclui a de interpretação. Assim, a composição da
>     música universal só termina no momento em que ressoa nos tímpanos.
> 
>     Essa abordagem “alinguística” também faz parte das pesquisas mais
>     avançadas hoje em artes cênicas. O diretor inglês Peter Brook chegou
>     a algo parecido à música universal de Hermeto com o teatro rústico,
>     nos anos 1970. Brook e os atores de diversas nacionalidades do
>     Centre International de Recherche Théâ-trale (Cirt) parisiense
>     passaram três meses de 1974 em tribos africanas para entender o que
>     havia no teatro que se comunicava com qualquer cultura (gestos,
>     sons, expressões, ritmos). A pesquisa fez avançar as descobertas
>     contemporâneas de linguagem – equivalente ao que o brasileiro
>     Hermeto fez na música.
> 
>     A última criação organizada do compositor foi Chimarrão com
>     Rapadura, CD e DVD de 2006 em dupla com Aline Morena. Imagine a
>     dificuldade de selecionar 19 canções e melodias entre as centenas
>     criadas diariamente. Nesse álbum, Hermeto toca cavaco, pandeiro,
>     surdo, escaleta, piano com fita crepe, caixa, zabumba, triângulo,
>     baixo, flauta doce, viola caipira, fole, flauta-baixo, percussão com
>     teclas, flugelhorn, iefone, brinquedos, balde, garfo, faca,
>     trumpetinho, chavozeleira, piano, porta, copos de plástico e
>     mangueira. O detalhe é que nem tudo é instrumento.
> 
>     Apesar da variedade de artefatos sonoros, Hermeto Pascoal não se
>     encantou ainda pelos sons fabricados. Não há quase nada sintético na
>     obra que já dura 53 anos, mesmo com a invasão de aparelhos
>     eletrônicos dos últimos 30. “Nada contra esse tipo de música. Mas,
>     para mim, os sons devem ser naturais. Têm mais sabor.”
> 
>     Nascido na roça alagoana, ele morou mais de 20 anos em São Paulo,
>     gravou nos Estados Unidos com Miles Davis, influenciou Beatles com o
>     Quarteto Novo, é festejado por onde passa no mundo. Prega a música
>     aberta. Hoje mora em Curitiba e nunca deixou de fugir do sol. A pele
>     albina sofre, os olhos também. É só o que há de hermético em Hermeto
>     Pascoal.
> 
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