[Macronoroeste-campinas] A ideologia da classe dominante incutida na classe dominada!!

PONTOS SP - Robson Sampaio reductio.ad.ethos em gmail.com
Quarta Julho 13 14:19:22 CEST 2011


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   A ideologia da classe dominante incutida na classe dominadada
<http://esquerdopata.blogspot.com/2011/07/ideologia-da-classe-dominante-incutida.html>
 <http://4.bp.blogspot.com/-ShjFB67D7TM/ThXfuYVZNmI/AAAAAAAAG48/k6jGzL_FeFs/s1600/Burro_cenoura.jpg>
*Ideologia dominante *
Sírio Possenti
Terra Magazine<http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5226697-EI8425,00-Ideologia+dominante.html>

De Campinas (SP)

 Uma das teses mais clássicas do marxismo sobre ideologia tem forma de
slogan: *a ideologia dominante é a ideologia da classe dominante*. Os
estudiosos do funcionamento da sociedade que adotam teses marxistas (não
surgiu nada melhor para explicar nosso dia a dia, seja o da TV, seja o dos
mercados) conferem um lugar especial às ideologias, embora seu postulado
fundamental seja o de que são as relações econômicas que comandam a
história, *em última instância*. Para que as engrenagens econômicas
funcionem, é preciso que os cidadãos acreditem que elas são as que devem ser
(nada como ler Delfim Neto para convencer-se de que os economistas são
ideólogos, não cientistas).

 Bourdieu e Passeron produziram obra notável, na década de 70 (*A reprodução
*), cuja tese é que a escola contribui fortemente para reproduzir a
sociedade a que serve. Faz isso reproduzindo sua ideologia. Invariavelmente
a escola "prova" que os mais pobres são também os mais incapazes. Como ela
faz isso? Analisando o desempenho escolar a partir de critérios (de saberes)
de classe, desigualmente distribuídos.

 Dou um exemplo banalíssimo, e antigo: no livro didático do meu segundo ano
de escola, no interior de Santa Catarina, em uma comunidade totalmente
rural, líamos uma narrativa chamada "Férias na roça". Meninos da cidade iam
a uma fazenda para apreciar a natureza e sentir o cheiro acre dos estábulos.
Ora, cheiro acre dos estábulos!! Nem vou mencionar os textos que falam
(falavam) da família: o pai provia o sustento, a mãe cuidava do lar e os
dois filhos, um menino e uma menina (nesta ordem), brincavam e estudavam. A
empregada, sempre negra, fazia o serviço pesado e umas comidinhas especiais.
Tudo parecia natural.

 A mesma coisa acontece com o ensino de português: a língua dos menos
favorecidos (!!) é considerada errada. E nem se deve falar dela na escola,
segundo os "sábios". Imagine "defendê-la"! Só na universidade é que se pode
saber a "fala popular" segue regras. O povo não pode saber disso! Nem outros
intelectuais! Só os linguistas! Para o povo, ditados bobos, que provam que
não sabe nada. *Soletrando* neles! Um dos argumentos que frequentaram
algumas páginas que discutiram o* livro do MEC* era que o próprio povo quer
aprender língua padrão, o português correto. Qualquer pesquisa mostraria
isso, dizia-se. Supostamente, só os linguistas quereriam "ensinar errado".

 Não adiantou dizer-lhes que nenhum linguista defende esta tese (e eles
acham que sabem ler!). Parece ser mesmo verdade que "o povo" quer aprender a
falar e escrever corretamente. Por quê? Pelas mesmas razões que o levam a
querer comer melhor, vestir-se melhor, morar melhor, viajar mais, comprar
computador e TV de tela plana. E, eventualmente, a votar contra a reforma
agrária e pelo endurecimento da política de segurança. É a ideologia da
classe dominante incutida na classe dominada. Parece tão antigo! Mas é tão
verdadeiro! Só saiu de moda. Até porque muitos mudaram de lado.

 Quando os ricos são defendidos pelos pobres, conseguiram sua maior façanha:
convencê-los de que eles não são apenas ricos; também são os únicos que
estão certos! Em relação a tudo: da ortografia à quantidade de mata que pode
eliminar.

 O ensino de língua é ideológico, sim senhor.

 Ideologia dominante
Getty Images



 *Uma analogia*

 No Caderno *Ilustríssima *(que nome!), da Folha de S.Paulo de domingo, dia
26/06, Joel Rufino dos Santos conta uma história que hoje parece engraçada.
Estava preso, em 1965, suspeito de subversão. Um dia, foi tirado da cela
para ter seu cabelo cortado (cabeludos não eram bem vistos!). O barbeiro
quis saber do tenente que tomava conta de Rufino o que ele tinha feito. O
militar lhe disse que Rufino tinha sido convencido por um general comunista
a reescrever a história do Brasil. "Como assim?", perguntou o barbeiro.
"Eles escreveram, por exemplo, que Pedro Álvares Cabral era viado!"
respondeu o tenente.

 Assim que li o parágrafo, pensei: "Imaginem se um Fulano como esse tenente
decide explicar a um barbeiro cético o que professores de português e estão
escrevendo nos livros do MEC". Talvez o castigo não ficasse no corte de
cabelos, como não ficou para muitos, naqueles tempos. Houve censores que
quiseram prender Sófocles, outros que queriam saber do paradeiro de Immanuel
Kant. Qualquer livro de capa vermelha era suspeito, mesmo que tratasse de
culinária.

 O obscurantismo é de doer.

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