[Macronoroeste-campinas] Por que Serra agora perde nas pesquisas

Robson Sampaio reductio.ad.ethos em gmail.com
Quarta Maio 19 20:08:45 CEST 2010


Olham que interessante esta analise do Bernardo Joffily -
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bernardo_Joffily
Por que Serra agora perde nas pesquisas
*Os números dos institutos Vox Populi (divulgados na noite de sábado, 13) e
Sensus (desta segunda-feira, 17), deram pela primeira vez a candidata de
Lula, Dilma Rousseff, à frente do oposicionista José Serra – embora dentro
da margem de erro. No QG da comunicação de Dilma, há hoje um contido
entusiasmo, mas não é com a virada nas pesquisas. É com o discurso defensivo
de Serra.

Por Bernardo Joffily*

Pesquisas vêm e vão. As últimas trazem como novidade a pontuação de Dilma
superior à de Serra (35,7% contra 33,2% no Sensus, 38% a 35% no Vox Populi).
Foi uma mudança esperada, pois desde o ano passado a trajetória da
ex-ministra da Casa Civil é ascendente. Se houve surpresa foi a
ultrapassagem acontecer em maio, quando era esperada para o início oficial
da campanha, em julho.

Até o insuspeito jornalista Ricardo Noblat pôs no ar, em seu bem visitado
blog no site da Globo, uma enquete perguntando "quando Dilma ultrapassará
Serra nas pesquisas". As opções eram "até meados de junho (7.04% das
respostas)"; "depois do fim da Copa do Mundo (2.90%)"; "quando Lula começar
a pedir votos para ela na TV a partir de agosto (12.27%); "não ultrapassará
Serra (76.63%)"; e "não sei (1.17%)". Tanto as respostas como as
alternativas escolhidas apostaram em um ritmo mais lento.
*
"Serrinha Paz e Amor"*

Porém é outro fator que entusiasma os comunicadores de Dilma. O entusiasmo,
só percebido nas entrelinhas, por temor do salto alto, vem da percepção de
que o presidenciável do PSDB-DEM-PPS, José Serra, está metendo os pés pelas
mãos, sem encontrar um discurso que lhe permita ser o candidato da mudança
em uma disputa onde o eleitor quer a continuidade. Os números ds pesquisas,
nessa interpretação, são apenas uma consequência.

Desde o discurso em que oficializou sua pré-candidatura, em 10 de abril,
Serra escolheu um caminho esquisito. Só tem elogios para o atual governo e o
presidente Lula, que considera "acima do bem e do mal" e "um fenômeno".
*
O discurso soa falso
*
No QG de Dilma, que acompanha a disputa com pesquisas qualitativas,
acredita-se que essa linha vai dar errado. Onde já se viu um candidato da
oposição que só fala bem do governo?

O discurso soa falso. Não combina com a trajetória do PSDB-DEM-PPS nestes
quase oito anos. Colide também com o histórico do próprio Serra, que
enfrentou Lula em 2002 sob a bandeira do medo (simbolizada pelo "Eu tenho
medo" da atriz Regina Duarte no programa eleitoral do tucano). O comando do
marketing de Dilma avalia que a insinceridade não resistirá a uns poucos
depoimentos de Lula no horário eleitoral de TV.

A falsidade dessa premissa desmonta a segunda parte do discurso de Serra,
sobre seu suposto maior preparo e competência. Haveria muito a questionar
sobre esses predicados autoatribuidos, vindos de quem fez um governo em São
Paulo marcado pela mediocridade, as enchentes, os desmoronamentos nas obras
do Metrô e do Rodoanel. Mas o seu ponto mais fraco é o ponto de partida:
tentar apagar a fronteira entre governo e oposição.
*
Munição pesada para o plano B*

É possível que essa linha de conduta da oposição tenha vida curta. Correm
boatos de que a mídia dominante, em especial, está acumulando munição
pesada, repugnante mesmo, para desovar na fase aguda da campanha eleitoral.

O publicitário que vai pilotar o programa de TV de Dilma, João Santana,
conhece de perto essa alternativa. Ela é, com pequenas variantes, a
preferida das forças de direita desalojadas dos governos da maior parte da
América Latina. Santana a enfrentou pessoalmente, meses atrás, quando atuou
na campanha presidencial em El Salvador. As acusações ao seu candidato,
Mauricio Funes (da Frente Farabundo Martí) eram de "terrorista" e "amigo de
Hugo Chávez" para baixo. Santana revidou com uma versão em ritmo de salsa do
Samba de Martinho da Vila, *A vida vai melhorar*. Os salvadorenhos votaram
na vida melhor e Funes foi eleito em 15 de março.
*
Gaguejando para o eleitor*

Seja com o atual discurso do "Serrinha Paz e Amor", quase ex-oposicionista,
ou com um plano B baseado na truculência, a sucessão de Lula será uma
disputa dura e de resultado em aberto. Em aberto porque as classes
dominantes são Serra, apesar de todo o dinheiro que ganharam no governo Lula
(uma interessante enquete do jornal Valor junto a grandes empresários e
executivos, em abril, deu Serra 78%, Dilma 9% e Marina 6%; clique aqui para
ver mais<http://www.diap.org.br/index.php/agencia-diap/12788-empresario-aprova-lula-mas-vota-serra>),
a mídia dominante é Serra roxa e a estrutura de poder em geral – que nem de
longe se limita ao aparelho de governo – favorece a volta por cima dos que
sempre mandaram no país.

Visto isto, é Serra que está hoje na defensiva, nem tanto por ter sido
suplantado nas duas últimas pesquisas, mas principalmente porque está
gaguejando para o eleitor. Em qualquer eleição isso é um grave defeito. Mais
ainda em uma como a de 3 de outubro, que se anuncia plebiscitária e
bipolarizada.


-- 
Robson Bomfim
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