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Sexta Dezembro 18 22:23:35 CET 2009


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Resumo do tópico de hoje
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  - O Primeiro Punido. [1 atualização]
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Tópico: O Primeiro Punido.
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---------- 1 de 1 ----------
De: Robson Sampaio <reductio.ad.ethos em gmail.com>
Data: Dec 18 11:58AM -0200
URL: http://groups.google.com/group/eurecacampinas/msg/1f9e05b64abd05c6

Caros amigos e amigas,



Leiam esse depoimento de um pai sobre seu filho (na minha opinião, o
primeiro mártir (vivo) da luta contra a corrupção no DF).

Tenho bastante claro que a ação policial nessa manifestação tem o
objetivo de inibir a participação das pessoas em eventos de massa ou
de rua, como queiram.

A pergunta que não quer calar: O MEDO VENCERÁ?



FORA ARRUDA, PO, RORIZ E TODA A SUA CORJA!

Por favor, divulguem!

NUNCA BAIXAMOS A CABEÇA. SEMPRE HAVEREMOS DE RESISTIR, POIS LUTAMOS
POR UM MUNDO MELHOR.
NAQUELE DIA FOI ZÉ RICARDO. SE NÃO REAGIRMOS, AMANHÃ  SERÃO OUTROS.
SOMOS MUITOS. SOMOS A MULTIDÃO. O PODER SOMOS NÓS. VAMOS GRITAR BEM
ALTO: O PODER SOMOS NÓS, A MULTIDÃO.

NÃO PASSARÃO! NO PASSARAN!




O primeiro punido

Por Rubem Fonseca Filho

Quarta feira, ato contra a corrupção.

Logo de manhã, minha família e eu, indignados e revoltados contra o
maior escândalo político de toda a história do Distrito Federal, nos
preparamos para pacificamente protestar contra o "suposto" roubo de
dinheiro do povo. Fizemos cartazes e fomos todos à Praça do Buriti. Lá
escutávamos dos oradores que organizaram o ato:

- O governador, as secretarias de governo, a Câmara Legislativa, o
Tribunal de Justiça do DF, o Tribunal de Contas do DF, toda a esfera
de poder do DF está dominada e contaminada pela corrupção.

Enquanto os discursos terminavam, todos os jovens, boa parte dos
sindica listas e cidadãos, abandonaram os oradores e decidiram
paralisar o trânsito. Distribuíam panfletos e adesivos para os carros
quando centenas de policiais, depois de muito empurra-empurra,
reabriram o trânsito. Os manifestantes correram para o outro lado da
pista e paralisaram novamente o trânsito. Aí foi a hora de a cavalaria
intervir. Em posição de ataque, foram para cima dos que faziam o
protesto, pisoteando e ferindo muitas pessoas. Em seguida vieram os
policiais do Bope, lançando estrondosas bombas de gás lacrimogêneo e
partindo para cima dos manifestantes, distribuindo fartamente
cacetadas e chutes. A massa ali presente se dispersou pelo canteiro
central.

Reuni minha família e disse:
- A corrupção ganhou a guerra contra os desarmados. Vamos embora.

Estávamos voltando para pegar o carro quando o meu filho mais velho,
José Ricardo, se aproximou de um aglomerado de umas 10 pessoas, que
questionavam os comandantes da operaçã o. Perguntavam o porquê de
tanta violência e, em específico, estavam revoltadas com o pisoteio de
uma mulher pela cavalaria. José Ricardo se manifestou:

-- Ato covarde.
Um policial militar ensandecido voou para cima de José rasgando-lhe a
camisa e esmurrando-o. Detalhe: o PM ensandecido é o coronel Silva
Filho, comandante responsável pela tranquilidade durante o ato.
Imobilizaram, algemaram e entregaram José a uma dúzia de policiais do
Bope. A partir daí os atos de brutalidade, selvageria e humilhação se
sucederam: socos, tapas, chutes, cacetadas, até ser jogado
violentamente no camburão. Enquanto cidadãos e jornalistas filmavam a
cena, policiais do Bope atiraram nos pés dos cinegrafistas para
impedir o registro do covarde espancamento (vejam vídeo:
http://vimeo.com/8087713). Já no camburão José escutou pelo rádio do
carro da PM que o motorista era o sargento Cássio. José perguntou:

-- Por que estou preso? Não agredi ni nguém, não sou bandido, não sou
corrupto.

Cássio:
-- Cala a boca, moleque! Se eu te encontrar algum dia por aí, eu te
assassino.

Com este episódio ficou bastante claro para mim que, no exercício de
24 anos de democracia, não conseguimos minimamente mudar a cultura da
arbitrariedade, da brutalidade e da violência da nossa polícia. Uma
cultura consolidada nos 21 anos de ditadura militar. É um sentimento
altamente frustrante e desanimador.

Fomos informados que José tinha sido levado para a 2ªDP (Asa Norte) e
fomos para lá. Como ali não estava, fomos para a 5ªDP (Setor Central),
onde um policial civil consultou todas as delegacias e nada do meu
filho. Entramos em pânico e acionamos senadores, deputados,
instituições dos direitos humanos. José foi detido em torno das 13h e
só apareceu na 5ª DP às 16h15. Ficou esse tempo todo algemado dentro
de um camburão que fazia pequenos deslocamentos, sem água e sem
alimento.

Encontrei meu filho dentro da delegacia, sem camisa e com dores. Com
escoriações no pescoço, nas costas, nos braços e com dores na costela
e na boca do estômago, devido aos socos sofridos. Mas ele estava de
cabeça erguida e altivo. Relatou todos estes fatos em seu depoimento e
olhou de frente e nos olhos de seus algozes, que estavam também na
delegacia. Ao anoitecer saímos da 5ªDP e fomos para o IML e depois ao
tribunal que julgaria as representações que José fez contra a
violência que sofreu por parte da PM do Distrito Federal. Na
representação foram anexados vídeos, fotos e depoimentos de várias
testemunhas que presenciaram a brutalidade contra ele. Em torno da
meia-noite o juiz entendeu que havia necessidade de ouvir melhor os
policiais, pois seus depoimentos estavam muito sucintos, e determinou
o retorno do processo à 5ª DP.

José Ricardo foi punido. Foi agredido violentamente e só depois foi
dada a ordem de prisão. Aplicaram uma pena (ou tortura?) a ele: prisão
em um camburão, abafado e quente, por mais de três horas. Ameaçaram-no
de morte.

De todo o megaescândalo da corrupção no DF, só comparável ao "Fora
Collor", já temos o primeiro punido. Vamos aguardar com muita
ansiedade o próximo a ser punido.

Rubem Fonseca Filho, pai de José Ricardo Fonseca

Fonte: Correio Braziliense - 12/12/2009

Vídeo: http://vimeo.com/8087713

http://orusso.blog.uol.com.br




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Robson Bomfim (Articulador Cultura Digital SP)
CNPQ/Ministério da Cultura
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CPPC
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e-mail: reductio.ad.ethos em gmail.com
skype: rbscamba1

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