[Macronoroeste-campinas] FW: ESTREBUCHA, BABY, ESTREBUCHA! - EDITORIAL BRASIL DE FATO

Isabel Barbosa issil em hotmail.com
Quarta Fevereiro 11 21:50:07 CET 2009




Date: Wed, 11 Feb 2009 15:35:57 -0200Subject: Fwd: FW: ESTREBUCHA, BABY, ESTREBUCHA! - EDITORIAL BRASIL DE FATOFrom: alavermelha em gmail.com



  
EDITORIAL
Brasil de Fato
Edição 311
13.02.2009


Estrebucha, baby, estrebucha!


Os poderes da nossa República andam um tanto combalidos – nem muito mais, nem muito menos que de costume. Apenas – como sempre que a aliança PSDB-DEM não têm seus interesses atendidos – a grande mídia estrebucha. 

Ora, é óbvio que todos sabemos quem é o PMDB, quem é o senador José Sarney, o deputado Michel Temer e tutti quanti nesse circo em que se transformou a política institucional. Portanto, tolice continuarmos a trombetear as falcatruas ou outras estripulias desses senhores, ou dos articuladores de suas candidaturas. Igual tolice seria mais uma vez nos dedicarmos às biografias do ex-presidente e atual senador, e dos articuladores de sua candidatura à Presidência do Senado. 

Ridículo igualmente ocuparmos nossas páginas com declarações de vestais tucanas ou do DEM – escandalizadas, "em nome da probidade" com o que se passou no Congresso Nacional para a escolha dos presidentes de ambas Augustas Casas. 


O cálculo presidencial

Inútil também querer desgastar os mais de 80% de popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, denunciando o apoio que este teria dado tanto à candidatura do senador Sarney quanto à do deputado Temer (mesmo este tendendo mais para atucanar-se), contra, respectivamente, o senador petista Tião Vianna, e o deputado Aldo Rebelo do PCdoB – partido que compõe a base governista. 

É sobejamente conhecido que o presidente Luiz Inácio não é um homem de partido, e esse seu comportamento não tem qualquer novidade. 

Ou seja, o presidente trabalha sempre com um cálculo frio, simples, e pessoal. Com relação às presidências da Câmara e do Senado, o PT não tem outra alternativa senão engolir mais este sapo, e continuar a apoiá-lo (aliás, apesar de tudo, seria um delírio pior se não o fizesse – o que nada justifica); de certo modo, o PCdoB, idem. Certamente, pouco lhe importa também o destino do governador Jackson Lago – real politik é isto. Pragmatismo também é isto – e o presidente Luiz Inácio jamais passou de um pragmático.

Portanto, melhor (em seu cálculo) garantir o incerto apoio do PMDB, uma vez que o certo – como vimos – fica sem outra alternativa, que não apoiá-lo.

E, depois de tudo, vá lá saber o quê se negocia nos bastidores no que diz respeito ao escândalo envolvendo o senhor Daniel Dantas – os famosos dossiês, que se tornaram um hit político pelas mãos do senhor Antônio Carlos Magalhães (DEM-BA) e que, oficiosamente, hoje têm o grande poder de decisão.

Mas, do caso Dantas, a grande mídia comercial e seus apaniguados não querem nem ouvir falar, pois envolve muito diretamente os dois primeiros presidentes (e suas respectivas cortes) que aquela mídia elegeu no pós ditadura: seu enfant gâté (criança mimada) Fernando Collor de Mello – que ela própria viria a destronar em seguida; e o seu príncipe, o douto Fernando Henrique Cardoso que, aliás, uma colunista da Folha de S. Paulo, habilmente e sem afirmá-lo diretamente, classificou de um "pitbull abandonado".


O homem dos porões

Numa República e numa democracia, se o que apontamos acima já é motivo de sobra para acendermos todos os sinais de alerta, mais grave porém é o fato do Corregedor Geral da Câmara Federal ter sido um torturador durante a mais recente ditadura.

O deputado Edmar Moreira (DEM-MG), o "tenente de óculos ray-ban" que torturava os presos políticos de Linhares (MG), acabou por renunciar à Corregedoria. Mas ninguém pense que por haver sido identificado e denunciado enquanto torturador dos anos 1970. Não, não foi isto. Sua renúncia se deveu ao fato de ter fraudado sua declaração de bens, ao não declarar corretamente o valor de um Castelo que mantém. O Castelo Monalisa, no município mineiro de São João Nepomuceno.

No caso do ex-tenente, porém, o DEM foi rápido no gatilho. Condenou seu tenente-deputado e o obrigou a deixar o cargo, pois o austero DEM não é e nunca foi um partido de falcatruas... De senhores de generais-presidentes, para a situação de terem tenentes-deputados é um bom sinal de decadência.

Detendo-se no Castelo Monalisa, a grande mídia comercial faz absoluta questão de elogiar a presteza das vestais do DEM, e esconder o torturador atrás do apelido de O Homem do Castelo.

Ou seja, aqui baby não estrebucha,,,


O antro do Judiciário

No entanto, se no Executivo e Legislativo as coisas se passam desse modo, as questões do Judiciário permanecem trancadas a sete chaves. Também aqui a grande mídia comercial se cala. Pelo menos, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) permanecer sob a custódia do doutor Gilmar Mendes, essa impoluta figura ali alocada pelo "pitbull abandonado".

Quando pensávamos que nenhum outro ministro do STF superaria os desmandos e transgressões das normas constitucionais cometidos pelo doutor Marco Aurélio Mello – primo do ex-presidente Collor, que ali o colocou para barrar qualquer investida legal contra suas trampolinagens, os fados nos brindam com o doutor Mendes.

Apesar de todas as advertências prévias de juristas da envergadura do professor Dalmo Dallari, e apesar de todas as denúncias de corrupção recentemente trazidas a público pela revista Carta Capital, lá permanece inamovível o doutor Gilmar, qual uma rocha senhora de todos os dossiês secretos.

Depois de livrar o banqueiro Daniel Dantas do xilindró, do mesmo modo como doutor Marco Aurélio procedera com o senhor Salvatore Cacciola, o doutor Gilmar dedica-se hoje a se articular com os fascistas e neofascistas italianos, na tentativa de extraditar o escritor e ex-militante Cesare Battisti. A grande mídia comercial, parte da mesma aliança, não estrebuchou. Aplaudiu. 


O papel dos trabalhadores e do povo

No entanto, não somos pessimistas. Apesar de tudo, a conquista do atual Estado de Direito, com todas as limitações, é um avanço, se lembramos da ditadura inaugurada há exatamente 45 anos, com o golpe de 31 de março de 1964. 

Sua consolidação e aprofundamento, porém, só será possível se as organizações e movimentos autônomos dos trabalhadores e do povo, sem abandonar sua estratégia que define como principal terreno de disputas as ruas e praças, passarem a intervir também na política institucional. E não apenas nos momentos de crise – como no recente caso de defesa do governador Jackson Lago, do Maranhão, alvo da fúria e sanha do senador Sarney, mas também através de uma ação regular e até preventiva, interferindo em todos os níveis dessa disputa, e ampliando os instrumentos de controle social do Estado. 



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