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<a name="digest_top" style="color: #222222">Resumo do tópico de hoje</a></div>
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</ul>
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>ABRAÇOS GRÁTIS - LOUVEIRA</a></div>
<ul>
<span style="color: ; font-weight: bold">Daniel Tranza Negra <daniel100nostalgia@gmail.com></span> Jul 04 09:08AM -0300
<br /> <br />
O Prazer e a Felicidade<br />
Arnaldo Jabor<br />
<br />
Eu escrevia um artigo sobre a felicidade como obrigação do mercado, quando<br />
li o texto de Contardo Calligaris na *Folha*, que citava uma pesquisa sobre<br />
o tema, chamada "Procurar a felicidade pode fazer as pessoas felizes?".<br />
<br />
Diz um trecho da pesquisa: "Espera-se que aqueles que buscam a felicidade<br />
alcancem resultados benéficos. Não necessariamente (diz a pesquisa) porque<br />
quanto mais valorizam a felicidade, mais poderão se decepcionar."<br />
<br />
Eu penso: que felicidade? A de ontem ou a de hoje?<br />
<br />
Antigamente, a felicidade era uma missão a ser cumprida, a conquista de<br />
algo maior que nos coroasse de louros; a felicidade demandava "sacrifícios".<br />
<br />
Hoje, o mercado demanda uma felicidade dinâmica e incessante, como uma<br />
"fast-food" da alma. O mundo veloz da internet, do celular, do mercado<br />
financeiro nos obriga a uma gincana contra a morte ou velhice. Ser<br />
deprimido não é mais "comercial". É impossível ser feliz como nos anúncios<br />
de margarina, é impossível ser sexy como nos comerciais de cerveja.<br />
<br />
A felicidade hoje é "não" ver. Felicidade é uma lista de negações. Não ter<br />
câncer, não ler jornal, não olhar os mendigos na rua, não ter coração. A<br />
felicidade é ter bom funcionamento. Há décadas, McLuhan falou que os meios<br />
de comunicação são extensões de nossos braços, olhos e ouvidos. Hoje, nós é<br />
que somos extensões das coisas. Fulano é a extensão de um banco, sicrano<br />
comporta-se como um celular, beltrana rebola feito um liquidificador.<br />
<br />
Felicidade é ser desejado, é entrar num circuito comercial de sorrisos e<br />
festas e virar um objeto de consumo.<br />
<br />
Sem a promessa de eternidade, tudo vira uma aventura. Em vez da felicidade,<br />
temos o gozo rápido do sexo em vez do longo sofrimento gozoso do amor.<br />
<br />
O amor hoje é o cultivo da "intensidade" contra a "eternidade". Aí, a dor<br />
vem como prazer, a saudade como excitação, o instante como eterno.<br />
<br />
Por isso, perdemos esperanças de plenitude e celebramos sonhos efêmeros.<br />
Bem - dirão vocês - resta-nos o amor... Mas, onde anda hoje em dia, esta<br />
pulsão chamada "amor"? O amor não tem mais porto, não tem onde ancorar, não<br />
tem mais a família nuclear para se abrigar. O amor ficou pelas ruas, em<br />
busca de objeto, esfarrapado, sem rumo. Não temos mais músicas românticas,<br />
nem "olhos de ressaca", nem o formicida com guaraná. É o fim do "happy<br />
end". Mas, mesmo assim, continuamos ansiando por uma felicidade impalpável.<br />
<br />
Por isso, em vez da felicidade, cresce o império do prazer.<br />
<br />
Mas o prazer pode nos dar culpa e a culpa pode dar prazer. Os masoquistas<br />
sabem disso: todo prazer será castigado. O prazer deixa muito a desejar, o<br />
prazer nos deixa insatisfeitos porque acaba logo. O prazer sempre demanda<br />
mais prazer, orgias mais perversas, drogas mais alucinantes. O prazer não<br />
quer ter fim. A felicidade é analógica e o prazer digital. A felicidade<br />
ficou chata, tem de ser administrada, e é feita também de sofrimentos e<br />
dúvidas. O prazer não; pega, mata e come. As caras das revistas ostentam<br />
uma gargalhada eterna. O prazer quer botar o mundo para dentro, sugar,<br />
comer a vida como um pudim, pela boca, por todos os buracos. Prazer é<br />
"cool". Felicidade é careta.<br />
<br />
Mas o prazer (infelizmente) precisa da proibição. Antigamente, tínhamos<br />
pecados perfumando os prazeres, mas hoje ficou tudo no instante pleno,<br />
principalmente no sexo, para substituir frustrações políticas e sociais.<br />
<br />
Nosso prazer anda muito exclusivista; o chamado "outro" não passa de um<br />
pretexto para nosso narcisismo masturbatório.<br />
<br />
Aliás, o vício solitário é bem seguro. A punheta é onisciente e gira em<br />
todas as direções, é um caleidoscópio de mulheres ou de homens. Não me<br />
refiro à mera "coça na miúda", nem no "estrangulamento do pele-vermelha",<br />
mas à masturbação na alma, ao narcisismo de seres perdidos num deserto de<br />
possibilidades sem-fim. Em meio a tanta liberdade, nunca fomos tão<br />
solitários. A masturbação existe até no grande amor romântico, onde os dois<br />
narcisismos se beijam, se arranham, mas não se comunicam. Cada vez mais o<br />
parcial, o fortuito é gozoso. Só o parcial nos excita. Temos de parar de<br />
sofrer por uma plenitude que nunca alcançamos.<br />
<br />
Não há mais "todo"; só partes. Não se chega a lugar nenhum porque não há<br />
onde chegar. A felicidade não é sair do mundo, como privilegiados seres,<br />
como estrelas de cinema, mas é entrar em contato com a falta de sentido de<br />
tudo. Usamos uma máscara sorridente, um disfarce para nos proteger desse<br />
abismo. Mas esse abismo é nossa salvação. A aceitação do incompleto é um<br />
chamado à vida. Temos de ser felizes sem esperança.<br />
<br />
Mas aí, dirá o leitor mais sábio e, talvez, mais velho: "Sim, mas e a<br />
contemplação calma da natureza, os lagos dourados, as flores e as crianças<br />
correndo, e as auroras, os céus estrelados? E a arte? Isso não é prazer?"<br />
Sim, sim, mas por trás dessa calma contemplação de auroras e belezas,<br />
florestas e oceanos, há um ensaio para o fim, há o preparo para o maior<br />
prazer de todos, há a saudade oculta de algo que está mais além da vida, ou<br />
antes dela. Entre flores e lagos dourados contemplamos nosso fim. É uma<br />
saudade não sabemos de quê...<br />
<br />
É um prazer além do prazer (v. Freud), é o prazer da matéria. A matéria<br />
quer paz. Nós somos um transtorno para a matéria que quer voltar a seu<br />
silêncio. A vida e o prazer enchem o saco da matéria que é obrigada a nos<br />
suportar. A matéria olha nossos arroubos de vida e espera pacientemente que<br />
acabe a valentia para voltarmos ao prado, à grama, à terra, ao sossego da<br />
tumba. Mais além do princípio do prazer, está a invencível vontade de<br />
morrer. Somos sonhados pela matéria da qual somos apenas um tremor, um<br />
despautério, uma agitação banal. A matéria nos sonha com tanta perfeição<br />
que pensamos que temos espírito.<br />
<br />
O prazer da matéria é paciente. Só sentiremos um grande prazer quando não<br />
estivermos mais presentes.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
Em 2 de julho de 2012 11:22, Camila Cristina Soares <<br />
<br />
-- <br />
*DANYEL**** TRANZA****NEGRA<br />
**Tocando Música, trocando idéia***<br />
<p> </p>
</ul>
<a name="group_thread_1"></a>
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>[Sem assunto]</a></div>
<ul>
<span style="color: ; font-weight: bold">ana sueli <anasuelidossantos@yahoo.com.br></span> Jul 04 02:32AM -0700
<br /> <br />
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<p> </p>
</ul>
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