<div dir="ltr"><br>
<div class="gmail_quote"><div bgcolor="#ffffff" text="#000000">
<br>
<br>
<table border="0" cellpadding="0" cellspacing="0">
<tbody>
<tr>
<td style="font-family: inherit; font-style: inherit; font-variant: inherit; font-weight: inherit; font-size: inherit; line-height: inherit; font-size-adjust: inherit; font-stretch: inherit;" valign="top">
<div><b>A chuva era prevista. Mas não houve prevenção,
fiscalização nas ocupações das encostas nem planos de contingência. O
resultado de tanto descaso foi a maior catástrofe da história do Brasil</b></div>
<h2><span style="background-color: rgb(255, 255, 153);">Francisco
Alves Filho, de Nova Friburgo; Wilson Aquino, de Teresópolis; e Rafael
Teixeira do RJ – ISTOÉ</span></h2>
<p style="text-align: left;">Vídeo traz as fotografias dos
momentos mais marcantes da tragédia que atingiu a região serrana do Rio
de Janeiro. Confira imagens de dor, luta e esperança:
</p>
<p style="text-align: center;"><a title="Credito: "><img title="Credito: " alt="" src="http://www.istoe.com.br/img/ico/ico-thumb-video-home-destaque.png"><img alt="IstoE_Rio_255.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/R/videos/mv_12136751014332857.jpg" border="0" height="160" width="255"></a></p>
<p style="text-align: center;"></p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12129407908408131.jpg" height="374" width="556"><br>
<b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">TRAGÉDIA<br>
Barro e detritos cobrem vítimas em Teresópolis</font></span></b>
</p>
<div>Foi tudo muito rápido, como sempre é. Não se passou uma
dúzia de horas entre o início do que parecia ser mais uma simples
tempestade de verão e as avalanches de lama, pedras e paus que
colocaram fim à vida de mais de 500 pessoas e devastaram cidades
inteiras da região serrana do Rio de Janeiro. Foi assim, de repente,
que a cadeia de montanhas que encantam os cariocas há mais de um século
abandonou a aparência sólida e se liquefez. No caminho entre as
escarpas íngremes e verdes da Serra do Mar até os vales que a formam, a
terra em estado líquido não fez distinção e levou com ela tudo o que
estava à sua frente: árvores, pedras, casas, carros e uma quantidade
aterradora de vidas. Quando amanheceu, o mundo ali era outro. Em
Teresópolis, onde antes havia casas, ruas, escolas, um macabro
cemitério ao livre surgiu. O charmoso centro de Nova Friburgo deu lugar
a uma camada espessa de lama, detritos e entulhos, escondendo sob ela
dezenas de corpos. Em São José do Vale do Rio Preto, o riacho que corta
a cidade e serviu de inspiração para Tom Jobim escrever os célebres
versos de “Águas de Março” transformou-se em uma corredeira de águas
caudalosas, que com sua força destruiu casas, pontes e vidas. Foi
assim, com uma rapidez e uma fúria impressionantes, que a maior
tragédia natural da história brasileira encontrou seu desfecho numa
típica noite quente e úmida de verão.</div>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img1.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12129577392695826.jpg" height="681" width="556">
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img2.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12129715539031057.jpg" height="710" width="556"></p>
<div>Sua gênese, no entanto, foi lenta e gradual, e o resultado,
previsível. Marcada por características geológicas e climáticas
instáveis, a região serrana do Rio de Janeiro está acostumada a
recolher corpos sob a terra úmida. Tem sido assim desde as primeiras
ocupações, mostram relatos de dom Pedro II, que, como faz hoje a elite
carioca, subia à serra para fugir do calor inclemente que castiga a
cidade do Rio de Janeiro no verão. Nem mesmo a carnificina de 1967,
quando 300 pessoas morreram nas mesmas situações de agora, foi o
bastante para se aceitar que, ali, a natureza não se intimida para
determinar o curso da vida. Até agora, o resultado dessas tragédias se
resume a uma ladainha cíclica de promessas que raramente se traduzem em
ações concretas e que sempre terminam nos cemitérios. Foi assim em
1967, como foi em 2008, em Santa Catarina, ou no ano passado, em Angra
dos Reis e em Niterói. “Não há desculpa para colocar a culpa nas
chuvas, o Brasil não é Bangladesh”, diz a diretora do Centro para a
Pesquisa de Epidemiologias da ONU, Debarati Guha-Sapir, em entrevista
ao jornal “O Estado de S. Paulo” no mesmo dia em que a Organização das
Nações Unidas colocava o acidente fluminense como o décimo mais letal
entre os deslizamentos de terra da história.</div>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img10.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131279777842452.jpg">
</p>
<p style="text-align: left;">Debarati tem razão. Ao contrário do
país espremido entre a Índia e Mianmar, há dinheiro, tecnologia e mão
de obra farta no Brasil para evitar que tantas pessoas percam a vida em
uma região tão propensa a acidentes. Dois casos recentes mostram como
investimento, controle da ocupação do solo e preparação podem poupar
vidas. Na Austrália, neste início de ano, choveu mais do que na região
serrana do Rio. No entanto, apenas 19 pessoas perderam a vida por lá.
Na Ilha da Madeira, uma região também montanhosa, choveu no ano passado
tanto quanto choveu em Nova Friburgo, a cidade mais atingida nesta
última tragédia. O número de mortes em Portugal não chegou a 10% das
vítimas fluminenses.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img9.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131226498491439.jpg" height="159" width="554"><br>
<b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">NO
CENTRO DA CIDADE<br>
Morro desabou em Nova Friburgo, destruiu partes de um edifício<br>
e soterrou casas, deixando os moradores entocados</font></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;">Nesses tempos de pânico ambiental,
as mudanças climáticas têm sido os algozes perfeitos dos governantes
para justificar o injustificável. “Estamos falando de décadas e décadas
de administrações omissas”, diz o cientista político Luiz Werneck
Viana. “Faltou às prefeituras fiscalizar as zonas em que as ocupações
irregulares acontecem, faltou aos Estados desenvolver planos para essas
regiões, faltou ao governo federal priorizar a questão do planejamento
urbano e da habitação.” A fatura pela falta de investimentos chegou,
enfim, mais alta do que nunca.“Os governantes têm uma visão míope que
só vale para os quatro anos de mandato”, critica David Zee, coordenador
de mestrado em meio ambiente da universidade carioca Veiga de Almeida.
“Estado, município e federação têm obrigação de trabalhar de forma
integrada, mas todas essas esferas têm sido historicamente omissas.”
</p>
<p style="text-align: left;">Como foram, mais uma vez, neste
início de ano. Não há quem conteste que o volume de chuvas que castigou
as cidades fluminenses foi de uma intensidade rara. Em menos de 12
horas choveu praticamente o mesmo que era esperado para todo o mês em
Nova Friburgo. Mas o inadmissível em um caso como esse é a absoluta
falta de preparação e coordenação do poder público para mitigar os
efeitos de um desastre iminente e, pior, a completa ausência de
planejamento prévio para lidar com suas consequências. Tudo parece ser
feito de última hora, como se as soluções só pudessem ser encontradas
diante dos acontecimentos. Não há dúvida de que as chuvas da madrugada
da quarta-feira causariam deslizamentos e inundações, mesmo que não
houvesse ocupação irregular do solo. Os danos materiais também são
justificáveis por conta da dimensão das chuvas. Mas, se um simples
sistema de alerta funcionasse, o número de vítimas poderia ser reduzido
de forma drástica. A tragédia fluminense é repleta de exemplos de como
nada disso foi feito, nas duas pontas da incompetência administrativa.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img3.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12129824252046043.jpg"></p>
<p style="text-align: left;">Na tarde de terça-feira, horas antes
do início do temporal, o radar instalado pela Prefeitura da cidade do
Rio de Janeiro no ano passado já emitia dados mostrando que uma chuva
de grande intensidade se aproximava da região serrana. O equipamento,
conhecido como Doppler, foi adquirido após as chuvas que mataram mais
de uma centena de pessoas na região metropolitana da capital fluminense
e tem capacidade de cobrir um raio de 250 quilômetros, quase duas vezes
a distância que separa o Rio de Nova Friburgo. Mas, por razões que
ainda não estão claras, não havia técnicos disponíveis ou capacitados
para analisar esses dados e disparar o alerta. Já o Instituto de
Pesquisas Aeroespaciais, o Inpe, informou à Defesa Civil do Estado do
Rio de Janeiro que um grande temporal estava se formando na região
serrana. O órgão recebeu o aviso por volta das 15 horas de terça-feira
e diz que emitiu o alerta às cidades por meio de e-mail. Mas a
comunicação parece não ter sido benfeita. Os agentes da Defesa Civil de
Teresópolis, onde mais de 200 pessoas perderam a vida, garantem que não
receberam nada.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img4.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12129843686965145.jpg"></p>
<p style="text-align: left;">A tragédia desta semana só é atípica
no número de mortes. No mais, é uma simples repetição do que ocorre ali
há mais de um século, e que vem se agravando com o aumento da
população. No entanto, horas após mais de cinco centenas de corpos
estarem espalhados por toda a região, o poder público parecia não ter
nenhum plano para lidar com uma situação como essa. Não havia, por
exemplo, tarefas predefinidas para os atores públicos, como é de se
esperar em uma região que anualmente sofre com desastres exatamente
iguais a esse. Tudo parece ter sido resolvido de última hora. E as
autoridades pareciam se orgulhar ao informar que a Marinha havia
emprestado dois helicópteros, que o Bope, especializado no combate
armado contra traficantes, havia liberado ônibus ou que o Exército
enviara caminhões frigoríficos para dar conta do número extraordinário
de corpos que eram recolhidos.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="chuvas-rio.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12128373155429898.jpg" height="1540" width="556"></p>
<p style="text-align: center;"></p>
<div><span>“É preciso criar os agentes comunitários, as brigadas
locais em cada distrito, em cada município. São essas pessoas que dão
as diretrizes em situações como essa e mostram o que fazer até a
chegada do socorro oficial”, diz a vereadora Andréa Gouveia Vieira
(PSDB/RJ). A família do marido de Andréa é proprietária do sítio que
fora alugado para a estilista e designer Daniela Conolly e parentes.
Invadida por água, lama e entulho, a casa foi soterrada junto com
Daniela e mais sete membros de sua família (leia quadro). “A casa
existia há mais de 70 anos. Nunca aconteceu algo dessa magnitude lá. O
rio subiu em uma velocidade enorme, foi um volume de água impossível de
ser contido. Havia 18 pessoas na casa, 14 morreram”, disse a vereadora.
Embora seja política, seu discurso é o mesmo de qualquer cidadão comum:
cansaço com as promessas nunca cumpridas de reflorestamento, limpeza
dos rios, remoção de pessoas de áreas de risco.</span></div>
<div>Como em qualquer acidente, a causa não é uma só. É uma soma
de erros de várias origens, entre as quais o inaceitável descaso com o
meio ambiente. “Gerações foram criadas sem que houvesse uma preocupação
ambiental. Houve uma ocupação desordenada com construção de residências
em encostas”, aponta Luís Eduardo Peixoto, presidente do comitê de
ações emergenciais de Petrópolis.</div>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img14.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131622882491066.jpg"><br>
<b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">PERIGO<br>
Trabalho de resgate num desabamento em Nova Friburgo</font></span></b>
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img16.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131753226615030.jpg"></p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img13.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131546786474246.jpg"><br>
<b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">SOB
PRESSÃO<br>
Bombeiros também viram vítimas.<br>
Corpo de soldado é removido</font></span></b>
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img15.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131701734153250.jpg"><br>
<b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">DESTRUIÇÃO<br>
Carro arrastado em Petrópolis</font></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;">Aquecimento global e desmatamentos
são algumas das causas de tragédias que têm acontecido no mundo. O
aumento da população urbana é outra ponta do desequilíbrio. A
pesquisadora mineira Waleska Marcy Rosa, 41 anos, do Centro
Universitário Serra dos Órgãos, fez, em 2007, um estudo comparativo
entre os municípios de Teresópolis e Petrópolis e concluiu que a
ocupação das áreas de encosta dos dois municípios cresceu
demasiadamente a partir da década de 1960, à sombra da fraca atuação do
poder público, que, além de não conseguir impedir as ocupações
irregulares, muitas vezes até as regulamentou. “É a desgraça do
populismo, a permissividade de deixar a ocupação de áreas de uma
maneira irresponsável como se eles (políticos) fossem aliados dos mais
pobres”, comenta o governador Sérgio Cabral, obviamente excluindo-se da
culpa que aponta nos outros governantes.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img5.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12129921049522574.jpg"></p>
<p style="text-align: left;">Não há como, no entanto, negar que a
responsabilidade maior é do poder municipal. “São as prefeituras que
regulam o uso do solo, autorizam construções e fiscalizam regiões de
risco”, diz o cientista político Ignácio Cano, professor da
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Para ele, a situação chegou a
um ponto em que “é preciso uma política com um componente repressivo
que impeça a construção irregular e remova quem está em área de risco”.
A própria presidente Dilma Rousseff, que esteve na cidade na
quinta-feira 13, reforça essa visão. “Ocupação irregular no Brasil não
é exceção, é regra.” Segundo o secretário-geral da ONG Contas Abertas,
Gil Castello Branco, no ano passado foram gastos 13 vezes mais com a
resposta do que com a prevenção. Ele afirma que houve um investimento
de R$ 2,3 bilhões para remediar e apenas R$ 167,5 milhões para
prevenir. Castello Branco critica também a má distribuição de recursos
federais. “Do montante do ano passado, 50,5%, mais de R$ 80 milhões,
foram destinados à Bahia, enquanto o Rio ficou só com 0,6%, ou seja, R$
1 milhão. São Paulo teve 5,6% e Minas Gerais, 6,2%”. Ao contrário do
Rio, a Bahia não é um Estado com histórico de desastres ambientais tão
frequentes como o Rio. Mas a diferença entre os dois Estados é que o
ministro responsável pela distribuição dos recursos, Geddel Vieira
Lima, é baiano e tinha como objetivo principal no ano passado ser
eleito governador do Estado que tanto privilegiou com a distribuição
dos recursos.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img12.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131501945664343.jpg"><br>
<b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">APOIO<br>
A presidente Dilma<br>
Rousseff e o governador Sérgio<br>
Cabral visitam Nova Friburgo</font></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;">O resultado disso se vê em todas as
esferas do poder público, que não consegue responder a uma crise das
proporções da região serrana fluminense. Nos ineficientes e sucateados
Institutos Médicos Legais das cidades atingidas, o cheiro da morte se
espalhava pelos corredores e pelo entorno dos prédios. “Tenho que
passar pomada com cheiro de menta no nariz para poder trabalhar. O mau
cheiro está insuportável”, disse um dos funcionários responsáveis pelo
transporte dos corpos em Nova Friburgo, que prefere não se identificar.
Até a manhã da sexta-feira 14, a cidade chorava inacreditáveis 216
mortos na tragédia. A todo momento, caminhões e caminhonetes chegavam
com corpos ao Instituto de Educação de Nova Friburgo, improvisado para
funcionar como Instituto Médico Legal. Dia e noite, a porta da
instituição ficava tomada por pessoas que buscavam saber se entre os
mortos há algum parente ou amigo. “Não saio daqui enquanto não souber
notícia de minha avó”, disse, ainda em estado de choque, a comerciária
Regina Soares, 28 anos. Com tantos cadáveres e condições precárias, o
trabalho no local tem sido sacrificante em Nova Friburgo e mostra que
não há nenhuma preparação para enfrentar problemas como esse. Nem mesmo
um plano de contingência para lidar com um número de mortos tão grande,
algo que não é inédito por ali, parece haver.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img6.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12130013976515427.jpg"></p>
<p style="text-align: left;">Sem a resposta rápida e eficaz do
poder público, a população se divide entre um estado de absoluta
catatonia e de desespero. No centro de Nova Friburgo, famílias de
várias classes sociais perambulavam nos dias que sucederam ao desastre
com bolsas e sacolas em punho, buscando refúgio. Uma delas era o
pedreiro Andrei Silva, 26 anos, cuja casa, localizada no bairro do
Jardim Califórnia, foi inundada pela chuva e ficou prestes a desabar.
Ele deixou o imóvel com sua mãe e duas irmãs. “Não sei para onde vou,
mas para lá não volto mais”, prometeu. Não longe dele, a advogada Lia
Vieira caminhava com os pés envoltos em sacolas de supermercado. “Perdi
minha casa e meu carro no desabamento”, contou. “Agora, o que eu quero
é sair daqui.”
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img8.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12130893068679321.jpg"></p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img7.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12130818263319431.jpg" height="439" width="549"></p>
<p style="text-align: left;">Ao menos nesse momento, o desejo de
Lia é compartilhado por milhares de famílias que perderam todos os seus
bens e, principalmente, familiares. Assim, como nesse momento, os
governantes prometem resolver os problemas emergenciais e criar
condições para que tantas mortes não se repitam. Cabe agora esperar, e
cobrar, que elas não sejam carregadas pelas águas de março que todos os
anos fecham o verão.
</p>
<p style="text-align: center;"><img title="Credito: " alt="img11.jpg" src="http://content-portal.istoe.com.br/istoeimagens/imagens/mi_12131358029323650.jpg" height="753" width="556"></p>
<p style="text-align: left;"></p>
<p style="text-align: left;"><b><span style="font-size: smaller;"><font size="2">Colaboraram: Adriana Prado
e Luciani Gomes</font></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;"><b><span style="font-size: smaller;"></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;"><b><span style="font-size: smaller;"></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;"><b><span style="font-size: smaller;"></span></b>
</p>
<p style="text-align: left;"><b><span style="font-size: smaller;"></span></b> <br>
</p>
</td>
</tr>
</tbody>
</table>
<br>
</div>
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