<div dir="ltr"><div class="gmail_quote"><div>O Globo</div><div><br></div><div>Assunto: Patente/Avanço tecnológico</div><div>Título: Mercadante quer transformar Finep em BNDES para a ciência</div><div>Data: 06/01/2011</div>

<div>Crédito: Eliane Oliveira e Roberto Maltchik</div>
<div><br></div><div>Entre uma reunião e outra para fechar sua equipe, o novo ministro da Ciência e</div><div>Tecnologia, Aloizio Mercadante (PT-SP), já traçou as linhas gerais de um plano para</div><div>impulsionar o retorno de cientistas brasileiros que migraram para o exterior e ainda</div>


<div>captar dinheiro para o financiamento de projetos de pesquisa e desenvolvimento. Numa</div><div>rotina que, segundo ele, começa às 8h e termina às 23h, Mercadante quer transformar a</div><div>Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), subordinada à sua pasta, numa espécie de</div>


<div>BNDES para a ciência e revela que será criada uma agência só para regular e fiscalizar</div><div>o programa nuclear do</div><div><br></div><div>Como resolver o déficit de profissionais especializados no país?</div><div>


<br></div><div>ALOIZIO MERCADANTE: O Brasil precisa avançar na universalização e na qualidade</div><div>do ensino, do infantil à pós-graduação. Estamos formando 50 mil mestres e doutores. O</div><div>Brasil é o 13º país em publicações especializadas. Na pesquisa básica, estamos muito</div>


<div>bem e nosso grande desafio é a ciência aplicada à produção. Queremos aumentar as</div><div>bolsas de estudo, com um olhar especial nas engenharias. Hoje, no Brasil, há apenas um</div><div>engenheiro para 50 formandos. A Coreia do Sul forma um para cada quatro.</div>


<div><br></div><div>Como impedir que os talentos brasileiros fujam para o exterior?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: Tivemos uma diáspora de cientistas nas décadas de hiperinflação e</div><div>recessão, mas muitos querem voltar. Temos que abrir essa janela não só para a volta</div>


<div>de talentos, mas para a atração de talentos do estrangeiro, por exemplo, do Leste da</div><div>Europeu. É o momento de criar um comitê de busca de talentos.</div><div><br></div><div>Que atrativos o Brasil tem?</div>

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<br></div><div>MERCADANTE: Oferecer boas instituições de pesquisa e, se precisar, um enxoval</div><div>para ter casamento (risos). Só nos EUA, temos três mil brasileiros dando aulas em</div><div>universidades. No momento em que as instituições começam a ter mais recursos e mais</div>


<div>credibilidade, as pessoas querem voltar para o Brasil.</div><div><br></div><div>Há recursos financeiros suficientes para o país investir em inovação?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: A nossa proposta é transformar a Finep numa instituição financeira.</div>


<div>Temos uma demanda de mais de 170 mil pedidos de patentes e este ano devem entrar</div><div>mais 30 mil. Aumentaram a produção acadêmica e o número de bolsas.</div><div><br></div><div>Na prática, o que significa a Finep se tornar um BNDES?</div>


<div><br></div><div>MERCADANTE: Passa a não depender apenas de recursos orçamentários e permite</div><div>que se alavanque recursos no mercado. Com mais capacidade de alavancagem, há</div><div>mais força para financiar a inovação. O Banco Central já tem um parecer sobre o</div>


<div>assunto. Especialistas com quem conversamos avaliam que esse seria um passo</div><div>muito importante, com a Finep se consolidando como uma instituição de fomento e</div><div>financiamento de recursos não reembolsáveis e reembolsáveis. Em 2010, tivemos 2.500</div>


<div>empresas que demandaram financiamento da Finep.</div><div><br></div><div>Será criada uma agência reguladora específica para energia nuclear?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: A ideia de uma agência está na pauta. A atividade de quem fiscaliza</div>


<div>não pode ser a de quem pesquisa ou produz energia. A fiscalização tem que ser muito</div><div><br></div><div>rigorosa. Inclusive, a área da fiscalização hoje, no meu ponto de vista, tem que estar no</div><div>Gabinete de Segurança Institucional (GSI), subordinado à Presidência da República.</div>


<div>Fiscalizar e proteger Angra 3 não é uma tarefa do MCT. É tarefa do GSI. A agência tem</div><div>que ser autônoma como as demais para poder fiscalizar, regular, estabelecer padrões e</div><div>exigências para atividades nucleares. O ministério faz pesquisa e desenvolvimento.</div>


<div><br></div><div>Qual a sua posição sobre o desenvolvimento de armas nucleares?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: O Brasil é uma área livre de artefatos (armas) nucleares, como toda</div><div>a América do Sul. Nunca tivemos problemas. O domínio da energia nuclear é colocado</div>


<div>na pauta nesse momento pelo efeito do aquecimento global. Estamos fazendo um estudo</div><div>detalhado sobre resíduos atômicos, que precisam ser muito bem administrados. Não há</div><div>qualquer movimento e não haverá neste ministério e neste governo que não seja o uso</div>


<div>nuclear para fins pacíficos.</div><div><br></div><div>O governo já decidiu uma estratégia para prevenção de catástrofes?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: Temos um supercomputador, o terceiro maior em meteorologia</div>


<div>do mundo. Vamos investir em radares para melhorar a capacidade de regionalizar</div><div>a previsão. Temos 500 áreas de risco (encostas de morro, beiras de rio, áreas com</div><div>histórico de tempestades). Há uma mudança no clima, uma alteração do ciclo</div>


<div>hidrológico, e o Brasil precisa ter uma política de prevenção às precipitações e</div><div>enchentes.</div><div><br></div><div>A comunidade científica se queixa da burocracia. Como vencê-la?</div><div><br></div><div>


MERCADANTE: Nas importações, por exemplo, os pesquisadores perdem muito</div><div>tempo. Precisamos conversar com a Anvisa e a Receita Federal para termos um</div><div>único aeroporto e um único porto para centralizar a logística. Seria muito mais fácil o</div>


<div>desembaraço. Já tive uma conversa preliminar com o procurador-geral da República,</div><div>Roberto Gurgel, com a CGU (Controladoria Geral da União) e com o TCU (Tribunal</div><div>de Contas da União), para estabelecermos alguns procedimentos específicos para a</div>


<div>área. Você não pode tratar a pesquisa científica e tecnológica nos mesmos padrões com</div><div>que você trata uma obra. O Estado construir uma estrada não é a mesma coisa de um</div><div>pesquisador fazer uma pesquisa.</div>


<div><br></div><div>Que parceiros internacionais são tidos como prioritários para cooperação em</div><div>ciência e tecnologia?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: Pretendo dar mais ênfase à parceria entre os Brics (Brasil, Rússia,</div>


<div>Índia e China). Temos uma identidade que foi construída, uma agenda semelhante.</div><div>Claro que vamos buscar parcerias tecnológicas no âmbito do Mercosul, que é a nossa</div><div>vocação imediata e estratégica. Também vamos olhar para a África, União Europeia e</div>


<div>EUA.</div><div><br></div><div>O Brasil vai continuar investindo no Veículo Lançador de Satélites?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: Sim.</div><div><br></div><div>O mesmo que está sendo desenvolvido há 20 anos ou um novo?</div>


<div><br></div><div>MERCADANTE: Isso eu respondo mais tarde. Primeiro, preciso fazer um diagnóstico</div><div>do setor.</div><div><br></div><div>Como a ciência e a tecnologia podem ajudar o Brasil a se tornar um líder em</div>


<div>políticas ambientais?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: O Brasil é o G-1 da biodiversidade e nós precisamos transformá-</div><div>la em inovação e tecnologia. Seja em fármacos, alimentos, enfim, em diversas áreas.</div>


<div><br></div><div>Temos uma agenda para criar uma economia verde e criativa. Estamos avançando</div><div>no biocombustível, numa matriz energética limpa. O Brasil está na ponta de alguns</div><div>segmentos da química verde. Queremos dar ênfase aos parques tecnológicos e às</div>


<div>incubadoras de empresas com essa vocação.</div><div><br></div><div>Foi descoberto petróleo na camada do pré-sal. Como isso pode ser positivo em</div><div>termos de pesquisa e tecnologia?</div><div><br></div><div>MERCADANTE: O setor de gás e petróleo deve representar, em 2014, 14,7% dos</div>


<div>investimentos. Já conversei com a Marinha, a Petrobras e algumas empresas privadas,</div><div>para fazermos o primeiro laboratório oceânico fixo em alto mar. Vamos ficar no limite</div><div>da plataforma, pesquisando correntes oceânicas e a vida marinha.</div>



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