[Macronoroeste-campinas] 'Circo K' discute com bom humor a condição do artista em Campinas

[PONTOS SP - Robson Sampaio]

*Espetáculo faz temporada na Estação Guanabara, em Campinas*

Por Amanda Cotrim
Especial para Caros Amigos

[image: Circo-K-teatro-i]O espetáculo "Circo K" rompe com o habitual em
Campinas (SP), cidade que, se algum dia teve, hoje perdeu a cultura teatral
das grandes temporadas. Atualmente, as produções teatrais boas ou não,
ficam até dois finais de semana em cartaz, restringindo o encontro entre o
artista e seu maior objeto de desejo: o público. O desafio dessa produção,
que se concretiza numa lona de circo, com três espetáculos realizados num
“descampado” na cidade “é apresentar uma outra possibilidade para a
cidade”, afirma a atriz do grupo Matula Teatro, Melissa Lopes.

Inutilidade da Arte

A trilogia "Circo K" celebra a inutilidade, cada vez mais útil da arte. Um
desejo comum de falar sobre a condição do artista no mundo de hoje:
anonimato, ascensão, decadência, sobrevivência, indústria cultural e,
claro, sua resistência. Um assunto que traz personagens próximos, mesmo que
por uma linguagem ainda distante do povo. Com essa proximidade, o
espetáculo causa identificação e é através dela que ele “pega” o espectador
pelo diafragma - o mesmo órgão responsável pela parada inesperada da
respiração ao ver uma cena deslumbrante e pelo riso irresistível, que
apenas um espetáculo da trilogia já causaria.

Ousadia

O projeto ousado, num contexto social, político e cultural cada vez mais
desfavorável na cidade de Campinas, envolve três atos-espetáculos: “Um
artista da fome”, “Na galeria” e “Gran Circo Máximo” que, segundo a atriz,
“são espetáculos distintos, mas ao mesmo tempo complementares”. O “Circo K”
é a continuidade de uma parceria de anos entre os grupos Matula Teatro e
Boa Companhia, ambos sediados em Campinas, no reduto artístico de Barão
Geraldo, distrito onde está a Unicamp, e que nesta empreitada conta com
artistas independentes.

Cultura Sacateada

“Os espaços públicos em nossa cidade foram sucateiros, não existem espaços
públicos, não existem projetos de [image: Circo-K-teatro-tp]continuidade,
foco na formação de público. Realizar uma temporada de seis semanas é um
desafio e também é uma prova concreta de que essa possibilidade existe e é
viável”, desabafa Melissa. Em quatro semanas de temporada, o público tem
feito valer aposta desses “artistas da fome”. A adesão é completa e ela
grita aos ouvidos dos políticos da cidade, mas eles parecem não ouvir -
“nós queremos teatro". “Nós queremos que as autoridades e o poder público
percebam a necessidade da criação de programa de fomento às artes em
geral”, pede a atriz do Matula.

A trilogia “Circo K” é de graça e isso também tem sua parcela de “culpa” na
aceitação do público campineiro. Uma arte a serviço do povo. Mas, ainda que
essa grande produção tenha sido possível por meio do ProCultura (edital
federal), os 26 “artistas da fome” precisam comer, estudar e se preparar
para que seu trabalho possa ser cada vez mais profissional. Por isso, no
fim de cada espetáculo os artistas se valem da velha tradição cênica e
“passam o chapéu”. Além disso, mantém uma conta no site “Catarse” -
http://catarse.me/pt/projects/720-projeto-circo-k - para quem puder deixar
sua contribuição. O teatro e a arte agradecem.

*Serviço*

Data: até 14 de julho

Sexta-feira: “Um artista da fome”, às 20h

Sábados: “Na Galeria”, às 20h

Domingo: “Gran Circo Maximo”, às 19h

Ingresso: Gratuito

Local: Estação Guanabara, na Rua Mário Siqueira, 829, Botafogo

Informações: (19) 3305-8372 ou 8182-4430

http://carosamigos.terra.com.br/index/index.php/cultura/noticias/2225-circo-k-discute-com-bom-humor-a-condicao-do-artista

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