[Macronoroeste-campinas] II CAMINHADA ZUMBI DOS PALMARES

Sábado Novembro 20 06:52:06 CET 2010

 *II CAMINHADA ZUMBI DOS PALMARES: *

*CARTA AO POVO DE CAMPINAS*

*20 DE NOVEMBRO: DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA!*

*100 ANOS DA REVOLTA DA CHIBATA!*

 Em 1995, depois de 300 anos do assassinato de Zumbi dos Palmares, no dia 20
de Novembro foi realizado em Brasília a Marcha Zumbi dos Palmares - contra o
Racismo e pela Igualdade e pela Vida reunindo em Brasília cerca de 30.000
mil pessoas.

Zumbi dos Palmares foi oficialmente reconhecido pelo estado brasileiro como
herói nacional e o 20 de Novembro passou a fazer parte do calendário
oficial, como o Dia Nacional da Consciência Negra.

Apesar disso, ainda temos muito por conquistar, e nossas lutas continuam
todos os dias, conquistas, perdas, acertos e erros. Não abrimos mão de
alcançar a nossa verdadeira igualdade tão desejada.

Nós, militantes do movimento negro, dos movimentos sociais, das organizações
políticas, dos sindicatos de trabalhadores e os demais combatentes desta
causa, sempre atuantes pela efetivação e manutenção dos direitos e na busca
de igualdade em nossa sociedade devemos nos unir em mais essa empreitada de
juntos tomarmos as ruas de Campinas.

Por isso, neste momento tão importante de nossa lutas por todo o Brasil e
pelo mundo, contamos com sua participação e apoio, pela manutenção do
feriado do Dia da Consciencia Negra - Lei 11.128 de 14 de janeiro de 2002,
pela preservação da memória de Zumbi dos Palmares, e pela efetiva igualdade
de direitos.

  Comissão Organizadora: César (9754-0139) – Edna (9664-7050) –

e-mail: 2.caminhada.zumbi.campinas em gmail.com*

*

Organizações que assinam esta carta:

AfroBrasil Cabeleireiros – Agentes Pastorais Negros (APN)/Pastoral Afro –
Aos Brados-Vivência Digna da Homossexualidade - Associação de Religiosos de
Matriz Africana de Campinas – Casa de Cultura Fazenda Roseira - Coletivo
Anti Racismo APEOESP Sub Sede Campinas - Comunidade Jongo Dito Ribeiro – Centro
de Defesa dos Direitos Humanos de Campinas(CDDH) - CUT/Campinas - Educafro
Instituto Educacional/Setorial de Negras e Negros - F.T.I.U.E.S.P.(Federação
dos Trabalhadores na Industria Urbana do Estado de São Paulo) - Grupo Força
da Raça – Identidade-Grupo de Luta Pela Diversidade Sexual - Instituto
Cultural Babá Toloji - Memória e Identidade Afro – Marcha Mundial de
Mulheres/Campinas Partido Comunista do Brasil(PCdoB)/Campinas – Partido
Socialismo e Liberdade(PSOL)/Campinas - Partido Socialista dos Trabalhadores
Unificado(PSTU)/Campinas - Partido dos Trabalhadores(PT)/Campinas - RNAF
Rede Nacional de Negras e Negros LGBT - Secretaria de Combate ao Racismo da
Macro Campinas do PT – Secretaria de Combate ao Racismo do PT Campinas
- Sindicato
dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo - SINERGIA/CUT -
SINTECT-CAS (Sindicato dos Correios de Campinas e Região) – União de Negros
Pela Igualdade (UNEGRO).

  * *

* *

* *

* *

*OS 100 ANOS DA REVOLTA DA CHIBATA*

 A Lei Imperial de nº 3.353, sancionada em 13 de maio de 1888, que extinguiu
a escravidão no Brasil ficou conhecida como a Lei Áurea. Vários autores e
cientistas políticos como Florestan Fernandes, Otávio Ianni e até mesmo
Fernando Henrique Cardoso negam o significado histórico dessa data. Não
passou de um ato politico.

Ainda não tinham decorridos mais do que 22 anos do ato politico de 1888, e
os partidários do escravismo continuavam dominando a cena. Mesmo depois da
derrubada do governo Monarquista, os negros que serviam nos navios de guerra
da Marinha, como marinheiros, continuavam levando chibatadas que faziam
jorrar sangue dos seus corpos, sofriam toda sorte de castigos físicos e
psicológicos, recebiam comidas de baixa qualidade e eram explorados com
trabalhos forçados, como se ainda fossem escravos.

Em 1.908 o marinheiro João Cândido entre outros estiveram na Inglaterra,
acompanhando a construção dos navios de guerra encomendados pelo governo
brasileiro. Foi quando conheceram as realidade dos marinheiros britânicos e
as suas conquistas. No Brasil, mesmo com as medidas adotadas pelo governo
Republicano, proibindo as práticas escravagistas, pouco ou nada tinha mudado
para os marinheiros negros. Continuavam apanhando e sendo jogados nos porões
dos navios.

No dia 22 de novembro de 1910, na Bahia da Guanabara, o marinheiro João
Cândido Felisberto assumiu o comando do Capitania Armada Minas Gerais e mais
os navios Bahia, São Paulo e Deodoro, da Marinha de Guerra do Brasil ,
prometendo bombardear a capital do Brasil, que na época era o Rio de
Janeiro. Os canhões das armadas de guerra foram direcionados para a cidade e
lançaram o seguinte manifesto: “Nós marinheiros, cidadãos brasileiros e
republicanos, não podemos mais suportar a escravidão na Marinha brasileira.”
Da imprensa, o marinheiro João Cândido, recebeu o título de Almirante Negro.
Terminada a rebelião após três dias de intensas negociações, quando o
governo prometeu acabar com o uso da chibata. Todos os que participaram do
protesto foram expulsos da Marinha. João Cândido foi humilhado, banido e
perseguido até o final da sua vida quando veio a falecer aos 89 anos.

Em 1970 o Almirante Negro, foi consagrado pelos compositores João Bosco e
Aldir Blanc na canção e na batida do samba como O Mestre Sala dos Mares, que
conta um dos capítulos mais obscuros, da participação do negro na nossa
história.

Foi então que impediram que se cantasse a versão original de O Mestre Sala
dos Mares, onde as palavras foram substituídas por exigência da censura:

 “Há muito tempo nas águas da Guanabara

O dragão do mar reapareceu

Na figura de um bravo marinheiro

A quem a história não esqueceu

Conhecido como o almirante negro

Tinha a dignidade de um mestre sala

E ao navegar pelo mar com seu bloco de fragatas

....

Rubras cascatas jorravam das costas

dos negros pelas pontas das chibatas

Inundando o coração de toda tripulação

...

Salve o almirante negro

Que tem por monumento

As pedras pisadas do cais

Mas faz muito tempo.

  Texto de Edna Almeida Lourenço, professora, presidente e fundadora do
Grupo Força da Raça

-- 
Robson Bomfim***

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