[Macronoroeste-campinas] ((NOTA PÚBLICA)) Anistia para os torturadores?

Robson Sampaio reductio.ad.ethos em gmail.com
Quinta Maio 6 17:24:38 CEST 2010


Repassando nota pública da ABONG.
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*Anistia para os torturadores?

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O Supremo Tribunal Federal tomou uma posição na contramão da justiça e dos
direitos humanos rejeitando, por sete votos a dois, a revisão da Lei de
Anistia. A Ação, proposta pela Ordem dos Advogados do Brasil, questionava se
a lei, aprovada em 1979, realmente anistiou agentes do Estado que cometeram
crimes como tortura, assassinatos e desaparecimentos durante o regime
militar (1964-1985). A decisão do STF mantém a interpretação atual da lei n°
6683, e  impede que os responsáveis pela tortura contra opositores(as)
políticos(as) sejam processados, julgados e punidos.


O relator do processo, ministro Eros Grau, afirmou que a Lei foi amplamente
negociada à época. Vale lembrar que a época era caracterizada pela ditadura
militar, não havia eleições diretas para o Executivo, o Congresso estava sob
controle, a paz era armada. Portanto, esta Lei não foi “amplamente
negociada”: ela não foi debatida em condições democráticas, mas sob o poder
dos militares.

Segundo a legislação internacional, a tortura é um crime imprescritível. Até
hoje são processados torturadores não de 30, mas de 70 anos atrás, agentes
do regime nazista. Porque a tortura é uma afronta ao *direito humano à
integridade física*, um direito que data do final do século XVIII, afirmado em
oposição ao Estado absolutista, que se acreditava detentor de um poder sem
limites.

Vários países da América Latina como Argentina, Uruguai, Chile e Paraguai,
abriram processos contra os militares torturadores de suas respectivas
ditaduras. Quando as Forças Armadas se instalam no poder, permitem-se
arbitrariedades, arvoram para si o poder de decisão sobre a  vida e a morte
de cidadãos e cidadãs e, para conservar o seu poder, o exercício da tortura
sobre os(as) que resistem.

Apesar da decisão desfavorável, nós, os(as) defensores(as) dos direitos
humanos, seguiremos na luta pelo reconhecimento da responsabilidade dos
agentes do Estado nos crimes cometidos durante a ditadura.

Se nós prezamos o Estado de Direito, se defendemos os direitos humanos, é
porque acreditamos numa sociedade organizada não na base da força, mas da
cidadania, da democracia, do respeito à dignidade da pessoa humana. A
impunidade é um estímulo aos golpes de estado, às ditaduras, à prática da
tortura ainda vigente no sistema prisional de nosso país.

Pelo fim da impunidade.

Pelo direito à memória e à verdade.

Pelo direito à integridade física.

Pela eliminação da tortura.





-- 
Robson Bomfim
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