[Macronoroeste-campinas] Como a cultura digital está transformando as nossas vidas( NOVA TENTATIVA)
Robson Sampaio
reductio.ad.ethos em gmail.com
Quarta Dezembro 2 18:11:20 CET 2009
*De:* Carla Carusi Dozzi
*Enviada em:* quarta-feira, 2 de dezembro de 2009 13:52
*Para:* 'pontossp em lists.riseup.net'
*Assunto:* ENC: Como a cultura digital está transformando as nossas vidas
*Assunto:* Como a cultura digital está transformando as nossas vidas
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Como
a cultura digital está transformando as nossas vidas
Gabriela Bittencourt
[image: Imagem conceitual com uma mão desenhada em várias cores na tela de
um laptop]
A evolução das novas mídias e a revolução dela decorrente se estende por
diversos campos, inclusive o da cultura. A presença cada vez mais constante
da tecnologia na vida dos indivíduos implica o surgimento de um novo modelo
que pode ser batizado de cultura digital: distintas plataformas aumentam as
possibilidades de produção, distribuição e consumo, implicando a inversão
dos papéis de quem faz e recebe esse conhecimento.
Quem está no centro das discussões afirma que esse tema deve envolver a
todos. Mas, acima de tudo, fica uma importante pergunta: como governo e os
grupos interessados no assunto entendem e se preparam para esse novo
conceito?
Para Rodrigo Savazoni, membro da coordenação-executiva do Fórum da Cultura
Digital Brasileira, sócio da FLi Multimídia, empresa de estratégia em
comunicação e cultura digital, definir esse novo formato não é tarefa
simples. O coorganizador do livro ‘CulturaDigital.br’, obra que reúne
artigos de diversos autores sobre o tema, afirma que essa é uma cultura
contemporânea, que envolve a colaboração, a liberdade, e é amplificada pela
interconexão em rede. Ou seja, é um modelo aberto e receptivo. “É a cultura
da recombinação, da ação em comum, da partilha e da dádiva. É a cultura das
comunidades e dos coletivos de indivíduos. Uma cultura que tem muito a ver
com a maneira como o brasileiro age e pensa”, diz. Confira entrevista com
Savazoni <http://www.nosdacomunicacao.com/panorama.asp?tipo=E>.
José Murilo Júnior, gerente de Informações Estratégicas do Ministério da
Cultura (MinC) e também integrante do Fórum, conta que a pasta busca uma
conceituação mais ampla do termo, construindo com a sociedade uma
perspectiva abrangente do paradigma digital. “Trata-se de explorar a radical
transversalidade do tema, suas possibilidades inovadoras e também evidenciar
os riscos que os princípios de liberdade e abertura, tão caros ao ambiente
digital, sofrem frente a concepções mais conservadoras”, comenta.
*Papel e atuação do governo*
A agenda de cultura digital do MinC prevê um plano nacional de digitalização
e disponibilização de acervos. “Isso implica diretamente a revisão de
dispositivos no marco regulatório do direito autoral”, emenda. O governo faz
outros planos. “Pretendemos explorar novos modelos de negócio para a cultura
no ambiente digital, discutir soluções técnicas e políticas que facilitem o
acesso dos cidadãos à banda larga e debater novas linguagens criativas,
assim como o fenômeno do ‘remix’, no contexto do cada vez mais dinâmico
campo da arte digital”, informa.
Murilo afirma que novos estudos e novas ações de cultura digital são
desenvolvidos a partir da parceria entre MinC e a Rede Nacional de Ensino e
Pesquisa (RNP). Esses debates envolvem o desenvolvimento de redes sociais
para usuários de bibliotecas e museus, prospecção de interatividade em
conteúdos para a TV digital, desenvolvimento de ambiente de conteúdos e
serviços de cultura, ciência e tecnologia para o público de lan-houses,
proposta para ambientes de acesso wireless público em espaços multiuso,
entre outros.
A apropriação das possibilidades digitais pela cultura, de acordo com o
gerente do MinC, é uma diretriz de caráter estratégico. “As tecnologias
digitais e o ambiente conectado em rede impactam de maneira radical na
criação, produção, reprodução, distribuição, preservação, no armazenamento,
nas modalidades de acesso e nas cadeias econômicas relativas aos conteúdos
simbólicos e às expressões e bens artísticos e culturais. Além disso, os
princípios de abertura e colaboração típicos da rede favorecem iniciativas
de caráter público. Em nossa experiência com os Pontos de Cultura (programa
do MinC para incentivo às iniciativas culturais da sociedade civil),
aprendemos que a cultura cumpre importante papel em facilitar a compreensão
e a apropriação das possibilidades da rede pelos novos usuários”, discorre.
Rodrigo Savazoni acredita que o governo está no caminho certo ao promover
políticas nesse sentido. Para ele, o cenário é favorável à promoção da
cultura digital, e o Brasil vive “uma situação muito especial”, reconhecida
até mesmo internacionalmente. “O Ministério da Cultura é um exemplo de como
uma estrutura do Estado pode e deve lidar com esse novo mundo; com coragem e
confiança de que, por meio do digital, podemos superar desafios que o
catastrófico século XX nos legou”, afirma.
Savazoni defende o reconhecimento do meio digital como um dos elementos que
podem ajudar a superar a exclusão social, operando sempre a favor das
transformações. “Em alguns países, a indústria e o Estado construíram
alianças conservadoras em nome da propriedade. Aqui, temos sido felizes,
sociedade civil e setores do governo, no combate a essa visão tacanha. Mas é
preciso estar sempre alerta”, diz.
*Pela difusão e preservação da cultura*
Os impactos das tecnologias digitais sobre as cadeias produtivas, segundo
Murilo, colocam o poder público diante da necessidade de contribuir para uma
ampla difusão das habilidades de uso das novas mídias, promovendo a
apropriação dos processos de produção e fruição das expressões simbólicas
por toda a população. “Em vista da importância que as mídias digitais passam
a exercer nos processos de identidade e de formação da memória, o Estado
deve instituir programas de digitalização e oferta de acervos públicos de
obras artísticas, conhecimentos e manifestações culturais”, considera.
Para Savazoni, o principal desafio da cultura digital é garantir acesso à
banda larga a todos os cidadãos. Ele argumenta que o mercado e o Estado não
devem restringir as liberdades emergentes propiciadas pela internet sob a
obrigatoriedade de uma regulação. “Também é um desafio superar os
preconceitos e o conservadorismo que se expressam diante do novo. O mundo de
hoje é o mundo da transição permanente. É preciso aceitar que é assim”,
completa.
Um dos primeiros passos a serem dados em direção a essa nova forma de
cultura, segundo Murilo, é ajustar marcos regulatórios como o do direito
autoral. “Hoje, ele não permite a digitalização de acervos, nem mesmo para
preservação, e criminaliza ações comuns dos usuários na rede”, afirma,
acrescentando que esse debate será estimulado pelo MinC por meio da
apresentação de uma nova proposta de lei, que em breve será submetida a
consulta pública.
Murilo lembra que, ao considerar os impactos culturais da convergência
digital de forma localizada e setorial, a tendência é reconhecê-los como
ameaças a papéis e funções sociais estabelecidos de acordo com as premissas
e os conceitos regulatórios de um momento anterior.
“A perspectiva da cultura digital parte do princípio de que estamos em plena
transição para a sociedade da informação e que as transformações decorrentes
da mudança do paradigma devem ser compreendidas através de uma abordagem
multidisciplinar e transversal que esteja aberta para o novo, sob o risco de
assistirmos ao surgimento de bloqueios a processos inovadores emergentes
fomentados pelo ambiente digital”, avalia.
Nesse sentido, o MinC é favorável à utilização de um ambiente em rede para
promover e documentar todo o debate em torno dos novos marcos regulatórios
para o setor. “O processo de construção colaborativa do ‘Marco civil da
internet’ já está em curso no blog do Fórum da Cultura Digital Brasileira,
preparado para incentivar a participação dos interessados, e a consulta
pública sobre a nova lei de direito autoral deve ser lançada em breve no
mesmo ambiente, facilitando a visão integrada que as novas regulações devem
contemplar”, conclui.
--
Robson Bomfim (Articulador Cultura Digital SP)
CNPQ/Ministério da Cultura
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